Junta médica manda trabalhar cantoneiro
"PUBLICO
Funcionário da Câmara de Santa Comba Dão
Junta médica manda trabalhar cantoneiro que não pode andar sem canadianas
01.02.2008 - 10h04 :, Sandra Ferreira
A Junta Médica da ADSE do Centro considerou apto para trabalhar
um cantoneiro de limpeza que só consegue movimentar-se com o auxílio
de canadianas. Em Outubro de 2006, na sequência de uma queda, José
Luís Branquinho foi submetido a uma intervenção cirúrgica
à coluna e ao longo do último ano foi acompanhado por fisioterapeutas,
mas mesmo assim só consegue andar com a ajuda de canadianas.
O funcionário da Câmara de Santa Comba Dão tinha como função conduzir uma varredora.
A Junta Médica da ADSE do Centro deu na segunda-feira o parecer, escrevendo que o funcionário "deve evitar esforços físicos" e, por isso, deverá ser colocado em "serviços moderados adaptados à sua situação clínica, definitivamente".
José Luís Branquinho diz estar disposto a trabalhar, desde que a função seja "mais leve", adiantou ao PÚBLICO. Mas, tendo em conta a sua função, não está a ver o que poderá fazer. O presidente do município também não. João Lourenço, sem esconder a indignação, optou por mandar o funcionário para casa e continuar a pagar-lhe o vencimento no final de cada mês. "Que funções atribuo a um cantoneiro de limpeza quando não pode andar?", questiona.
O autarca não é médico e diz que nem é preciso para perceber que o funcionário em causa está incapacitado fisicamente. Defende, por isso, que, ao cantoneiro de limpeza, de 51 anos de idade e com 29 de profissão, lhe deveria ter sido concedida a reforma antecipada. "Como é que se pretende aumentar a rentabilidade dos serviços?", questiona. João Lourenço afirma que as juntas médicas "andam a brincar com a saúde das pessoas e com o dinheiro do Estado" porque, no seu entender, quando colocam funcionários ao serviço que não podem trabalhar, "faz-se de conta", dando um mau exemplo.
"Isto não é forma de gerir um serviço público ou privado", desabafa o autarca, temendo desde já os pareceres da junta médica em relação a outros dois funcionários da autarquia, que, no seu entender, também estão incapacitados fisicamente."
