O Meu País
Para os que se dizem portugueses, que saíram debaixo da alçada do fascismo e da época do medo em que viveram e que se esqueceram a quem o devem, e para aqueles que nem sabem o que isso foi, pois já nasceram num clima de quase democracia, mas que ainda assim, estupidamente criticam sem conhecimento.
"O Meu País - Até com o sacrifício da própria vida
António J. Branco *
Diário Digital de 21-07-2005
Embora seja uma pessoa que por vezes se deixa envolver em nostalgia,
recuso-me ser saudosista de passados longínquos ou náufrago
de desilusões. Não costumo, por isso, fazer sobressair os
tempos gloriosos de um ido império que nunca o foi, verdadeiramente,
em detrimento de um estado que não o quis ser. Pessoas boas e más;
competentes e incompetentes; corajosas e cobardes; dinâmicas e estáticas;
idealistas e sonhadoras; revolucionárias e retrógradas e
outras tais e não tais, sempre as houve e haverá. Não
cabe, por isso, escrevo eu na minha verdade, dizer que o presente do País
das pessoas de agora, é pior ou melhor que o passado do País
das pessoas de ontem.
Tudo tem o seu tempo de acontecer e de ser, sendo e acontecendo conforme
o espaço temporal em que se insere.
As Forças Armadas, que ontem - passado - foram amadas pelo povo e pela Nação, são hoje - presente - senão odiadas, pelo menos, quase desprezadas e atiradas para a indiferença de um povo e de uma Nação que não sabe; ou não aprendeu a saber, o objectivo e significado da sua existência.
Gente inútil, luzidia, que passa o tempo na engorda, em gabinetes de bem estar e de bem fazer nada, gastando e esbanjando os recursos do estado.
Esta é, parece, a imagem que dos militares se projecta na sociedade, onde também se inserem por direito de nascença, vivença e pertença.
Denigre-se a sua imagem em programas de televisão - triste e sem propósito aquela rábula de Camilo e companhia, relacionando os oficiais superiores com casas de alterne -; ofende-se a sua credibilidade em comentários de jornal; rebaixa-se a sua condição em conceitos de economia imediata.
As Forças Armadas, para além da missão que têm para garante da soberania nacional -que só desconhece quem não quiser conhecer -, constituem uma instituição homogénea enquanto corpo que é, acompanhada ao mesmo tempo por uma heterogeneidade de especializações, quiçá, das mais ricas em sentido lato institucional e estrito em sentido pessoal, particular.
Na verdade, o seu universo de conhecimento, flutua e estende-se por entre a medicina; engenharia; literatura; história; informática; telecomunicações; veterinária; direito; cartografia; geografia; psicologia; sociologia; línguas e outras áreas mais, cuja especificidade mesmo não sendo tão evidente, não é menos importante.
Tudo isto - conhecimento científico e académico - tem de coexistir em conjunto com a doutrina militar; estratégia; geopolítica; táctica; espírito de missão e de sacrifico; brio e decoro militar. Ou seja, tudo aquilo que vem nos livros, mais o que neles não vindo, do conteúdo se infere.
O pecado maior do estado - será de novo, o "estado a que
chegámos"? - será, porventura, não ter sabido
(ou não ter querido) explicar às pessoas do país
e ao país das pessoas, a razão da sua existência e
o porquê da sua manutenção. Ainda assim, os militares,
a tropa, olham a sua Nação, a sua Terra de Antepassados,
com o mesmo carinho e vontade de servir com que a olharam no momento da
sua admissão na instituição, entrada muro a dentro
do quartel, passos no tempo e no vento, ao sabor de correrias; de limitações;
de sorrisos esbatidos na indiferença e de sacrifícios resguardados
num sentido do dever que pela vida fora haveriam de cumprir.
Sobretudo, juraram defender a Pátria, até com o sacrifício
da própria vida. Que a Pátria saiba honrar o juramento daqueles
que, deles precisando, se propuseram morrer por ela!"
